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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Quantas partes do corpo humano ainda não foram descobertas?



Nos últimos meses, cientistas descobriram uma nova camada da córnea do olho humano e um ligamento do joelho que passou despercebido por um longo tempo. Na era moderna, repleta de avançadas tecnologias de visualização, como é possível que ainda não saibamos tudo sobre a anatomia humana?
Segundo especialistas, apesar de nossa longa história de fascínio pelo corpo humano, ainda existem brechas nos conhecimentos anatômicos porque somos criaturas extremamente complexas. Além disso, há muitas variações de uma pessoa para outra. A realidade é bem diferente das fotos nítidas e coloridas dos livros de anatomia, e quando os estudantes de medicina começam a dissecar cadáveres, essa complexidade pode ser perturbadora.
“Quando os alunos abrem um cadáver pela primeira vez, é muito difícil e confuso”, descreve Daniel Schmitt, antropólogo evolucionário e diretor do curso de anatomia humana da Universidade de Duke, em Durham, na Carolina do Norte (EUA).
“É como observar um quadro pontilhista onde só se vê os pontos. É como entrar em uma cidade nova, um novo país, um novo mundo. Eles simplesmente não conseguem prever como será. É lindo, mas a primeira reação de muitos alunos é: ‘É difícil demais, não consigo fazer isso’”, conta.
Gradativamente, explica Schmitt, surgem regras e padrões. Depois da especialização, os médicos aprendem onde procurar as estruturas que costumam aparecer nas mesmas áreas genéricas em cada pessoa.
Mas mesmo quando os cirurgiões detêm conhecimentos complexos sobre partes específicas do corpo, eles estão acostumados a esperar o inesperado. “Há um músculo do braço chamado palmaris longus, por exemplo, que não existe em cerca de 15% da população. Algumas pessoas têm o músculo em um braço, mas não no outro”, diz Schmitt.
Em geral, os cirurgiões são obrigados a tomar decisões no calor da hora quando descobrem que as veias ou nervos de um paciente percorrem caminhos diferentes do que esperavam. “A variedade humana é extraordinária”, comenta Schmitt . “Cada pessoa é única”.
Steven Claes, especialista em cirurgia de joelho da Universidade de Leuven, na Bélgica, enfrenta diariamente um problema intrigante. Depois de se submeterem a cirurgias reparadoras do ligamento cruzado anterior (LCA), um dos quatro principais ligamentos do joelho, muitos de seus pacientes não conseguem alcançar o nível original de desempenho esportivo. Nesses casos, tendem a sofrer de uma curvatura instável nas articulações, conhecida como frouxidão rotacional.
Convencidos de que devia estar faltando alguma coisa, apesar dos anos que passaram aprimorando suas técnicas, Claes e seus colegas decidiram se concentrar na parte externa do joelho, que em termos biomecânicos, seria a base do controle da rotação. Em um artigo escrito por um cirurgião francês em 1879, os pesquisadores descobriram uma breve menção a um ligamento fibroso na parte externa da articulação, que sofre grande pressão durante movimentos giratórios.
Apesar de a existência desse ligamento ter sido amplamente discutida, ninguém publicou fotografias ou o descreveu em detalhes. Para confirmar sua teoria, Claes e sua equipe executaram uma meticulosa série de dissecações nos joelhos de 41 cadáveres. Em 40 deles, segundo relataram na revista Journal of Anatomy, descobriram uma estrutura nítida, de 5 centímetros de comprimento, que chamaram de ligamento anterolateral (LAL).
As novas descobertas sugerem que o LAL pode auxiliar os cirurgiões ortopédicos a obter bons resultados na reparação do ligamento cruzado anterior.
Um dos motivos prováveis para que o LAL tenha sido ignorado por tanto tempo é que os procedimentos artroscópicos impedem uma visão mais abrangente e detalhada do joelho, explica disse Claes. Mas também é possível que os médicos estejam vendo apenas o que estão procurando.
“Se seus professores dizem, ‘isso é anatomia’, e você a estuda nos livros didáticos, quando disseca um cadáver, você tentará tentar encontrar as estruturas que estudou”, explica Claes. “Isso já é bastante difícil para um estudante de medicina. Se pudesse ver uma dissecação feita em laboratório, veria a diferença entre os desenhos e as situações da vida real. É um mundo novo. Ninguém disseca um cadáver para encontrar novas estruturas”.
Segundo Schmitt, à medida que os pesquisadores refinam seus estudos sobre a anatomia humana, é provável que descubram novas nuances. As descobertas virão tanto da dissecação das articulações como das novas tecnologias de visualização, que revelaram uma nova camada da córnea no início deste ano.
Os sistemas cerebral e nervoso talvez sejam as maiores fronteiras, já que os cientistas ainda têm muito a aprender sobre os caminhos neuronais e o funcionamento microscópico do cérebro. ”É onde faremos as descobertas mais consistentes nos próximos 50 anos”, prevê Schmitt.


Fonte: DISCOVERY

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