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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Geysers em Enceladus são alimentados em parte pela gravidade de Saturno



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Este conjunto de imagens da missão Cassini da NASA mostra como a força gravitacional de Saturno afeta a quantidade de jatos na lua Enceladus. Encélado tem mais de pulverização quando está mais distante do Saturno na sua órbita (imagem ampliada do lado esquerdo) e a menos de pulverização quando ela está mais próxima Saturn (imagem ampliada do lado direito). 
Crédito: 
NASA / JPL-Caltech / University of Arizona / Cornell / SSI
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Os jatos gêiseres de Enceladus não expelem em um fluxo contínuo, mas são como um bocal de mangueira de jardim ajustável, diz cientista da Cassini Matt Hedman, autor de um novo estudo sobre o funcionamento interno desta fascinante lua com listras de tigre. Observações da Cassini descobriu que a pluma brilhante que emana do pólo sul de Enceladus varia previsívelmente. Depende de quão longe está Encélado de Saturno.

Os cientistas levantaram a hipótese de que a intensidade dos jatos provávelmente variou ao longo do tempo, mas até agora não tinhamos sido capaz de mostrar que mudou em um padrão reconhecível. Hedman e seus colegas foram capazes de ver as mudanças, examinando os dados infravermelhos da pluma como um todo, obtidos pelo espectrômetro de mapeamento visual e infravermelho da Cassini (VIMS), e olhando para os dados recolhidos desde 2004, quando a Cassini entrou em órbita de Saturno. Em 2005, os jatos que formam as nuvens foram descobertos.

"A forma como os jatos reagem às tensas mudanças em Enceladus sugere que eles têm suas origens em uma grande massa de água líquida", disse Christophe Sotin, um co-autor e membro da equipe Cassini. "A água líquida é fundamental para o desenvolvimento da vida na Terra, assim que estas descobertas aconteceram, aguçaram o apetite para saber se existe vida em todos os lugares que a água está presente."


Os cientistas dizem que esta nova descoberta aumenta a evidência de que um reservatório de água no estado líquido ou até um mar se esconde sob a superfície gelada da lua. Esta é a primeira observação clara, que a pluma brilhante que emana do pólo sul de Enceladus, varia de acordo com sua aproximação de Saturno. Os resultados foram publicados em um artigo científico na edição desta semana da revista Nature.

O instrumento VIMS, que permite a análise de uma vasta gama de dados, incluindo a composição de hidrocarbonetos na superfície de outra lua de Saturno, Titan, e os sinais sismológicos das vibrações de Saturno em seus anéis, recolheu mais de 200 imagens da pluma Enceladus entre 2005 e 2012.

Esses dados mostram a pluma mais fraca quando a lua estava no ponto mais próximo da sua órbita ao Saturno. A pluma gradualmente animou quando Enceladus estava no ponto mais distante, onde era três a quatro vezes mais brilhante do que a detecção dimmest. Isso é comparável a um corredor que se desloca em um corredor escuro em um escritório bem iluminado.

Somando os dados de brilho com os modelos anteriores, os cientistas deduziram que o aperto gravitacional é mais forte perto quando o  planeta reduz a abertura da listras de tigre e a quantidade de pulverização do material para fora. Eles acham que o relaxamento da gravidade de Saturno, permite que as listras de tigre fiquem mais abertas e escapem em maiores quantidades.

Esperamos para saber mais sobre as forças de trabalho aqui como um microcosmo de como o nosso Sistema Solar se formou. 

Enceladus tem sido provavelmente o objecto de outras forças gravitacionais ao longo do tempo. Estudos anteriores demonstraram que ao longo de centenas de milhões de anos, uma interação gravitacional existente entre Enceladus e outra lua, Dione, fez a órbita de Encélado crescer e alongar.

Por sua vez, isso produziu muito estresse nas marés no passado, e os cientistas pensam que contribuiu para a fratura em larga escala e o atrito dentro de Encelado em sua crosta gelada. A fricção conduz à fusão do gelo interno e produz um oceano e erupções de água e os produtos orgânicos sobre a superfície.


Fonte:



terça-feira, 30 de julho de 2013

Monogamia de mamíferos serve para evitar mortes de filhotes, diz estudo

Cientistas investigaram como a monogamia (união exclusiva de um macho com uma fêmea) evoluiu em algumas espécies de mamíferos, e as causas encontradas não são nada românticas. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que a ameaça aos filhotes foi o principal motivo para seres humanos e outros primatas adotarem a prática.

"O romance obviamente veio depois da monogamia", disse o principal autor da pesquisa, Christopher "Kit" Opie, do University College de Londres (UCL). Para ele, o achado põe fim a um longo debate sobre a origem da monogamia entre os primatas.
O estudo – feito pelo UCL, pela Universidade de Manchester e pela Universidade de Oxford, no Reino Unido; e pela Universidade de Auckland, na Austrália – é o primeiro a revelar o caminho evolutivo de como muitos pares na natureza vivem atualmente. A descoberta foi publicada na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS) de segunda-feira (29).
Segundo os cientistas, que coletaram dados genealógicos e comportamentais de 230 espécies de primatas, a ameaça aos bebês por outros machos fez com que muitos casais aderissem à monogamia.
A equipe também descobriu que, após o surgimento desse vínculo de fidelidade, os machos ficaram mais propensos a ajudar nos cuidados com a prole – o que encurtou o período de dependência infantil e permitiu que as fêmeas se reproduzissem de novo mais rapidamente, gerando um maior número de filhotes.
Além disso, as exigências cognitivas de viver em sociedades complexas resultaram em cérebros maiores e mais "caros", que amadurecem lentamente. Esses filhotes inteligentes então se tornaram extremamente "preciosos", e não poderiam ser desperdiçados por qualquer perigo em volta.
Os seres humanos são os únicos animais que têm uma infância longa e uma mãe que pode se reproduzir rapidamente após dar à luz, em comparação com outros grandes primatas, como gorilas e orangotangos.
Outra explicação
Um segundo estudo sobre monogamia, publicado no site da revista "Science" de segunda-feira, concluiu que o maior benefício da prática está em manter a fidelidade dos parceiros.
Os zoólogos Dieter Lukas e Tim Clutton-Brock, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, examinaram a estrutura social de 2.545 espécies de mamíferos, das quais menos de 9% são socialmente monogâmicas. Entre os primatas, essa porcentagem sobe para 25%. Alguns animais, como os gibões, são altamente fiéis, enquanto outros, como os chimpanzés, são extremamente promíscuos.
Ao contrário da primeira pesquisa, esses cientistas concluíram que impedir o infanticídio era algo com pouca ou nenhuma influência para o surgimento da monogamia entre mamíferos como micos, saguis, castores, lobos, chacais, antílopes e suricatos.
Esse comportamento, na verdade, teria surgido quando as fêmeas começaram a se espalhar por grandes territórios e apresentar tolerância zero frente a invasões de fêmeas concorrentes. Isso deixava os machos quase sem opção a não ser manter a mesma parceira, abrindo mão das outras, porque as fêmeas também estariam expostas aos galanteios dos rivais.
"A monogamia surgia quando proteger uma só fêmea era a melhor estratégia reprodutiva de um macho", disse Clutton-Brock.

Fonte:


Um olhar de cores diferentes - a heterocromia

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heterocromia é uma anomalia genética que confere cores diferentes a cada olho. Ela ocorre devido a uma alteração nos genes EYCL3, que indica a quantidade de melanina que cada íris apresentará, e no EYCL1, que indica a quantidade de pigmentos de gordura, que alteram a tonalidade das cores.

Essa alteração ocorre com mais frequência em cães e gatos (nos felinos, é chamada de “gato de olho ímpar”), e em cães, mas pode atingir humanos também. Embora, na maioria dos casos, a heterocromia seja causada por alterações genéticas, outros fatores podem causar essa anomalia. Entre as principais causas estão a Síndrome de Waardenburg, lesões e outras doenças que podem afetar a íris e/ou a retina.

A heterocromia é relativamente rara – afeta cerca 11 em cada 1.000 pessoas na América. Pode ser herdada dos pais e surge da combinação de vários fatores, genéticos e adquiridos. E não é necessariamente um sinal de fraqueza genética, ela talvez seja incomum, mas saiba que muitas celebridades a possuem, como Kate Bosworth, Jane Seymour, Mila Kunis e Michael Flatley. Talvez a diferença os ajude a sobressair entre a multidão.


Principais casos de heterocromia


Existem, basicamente, três tipos de heterocromia. Cada tipo é caracterizado pela forma de como as diferentes cores se apresentam na íris.


Heterocromia Central


Ocorre quando a íris têm dois ou mais “círculos” de cor – por exemplo, azul com um arco dourado perto da pupila ou externamente, pessoas com esse tipo de heterocromia são chamadas algumas vezes de “olhos de gato”. O surpreendente é que existem apenas três pigmentos que aparecem na íris: azul, marrom e amarelo. A quantidade de cada um define a cor final do olho.


Heterocromia Sectorial


A Heterocromia setorial ocorre quando há duas cores diferentes na mesma íris – um toque de uma segunda cor diferente da dominante.


Heterocromia Completa


heterocromia completa é quando cada olho apresenta uma cor distinta.



Apesar de não haver cura para a heterocromia, o uso de lentes de contato pode ser feito para igualar as cores, evitando, assim, qualquer inconveniente que o portador possa ter.


Atenção


Consulte seu médico se notar novas alterações na cor de um olho ou olhos de duas cores diferentes em seu bebê. Um exame completo é necessário para garantir que não exista um sintoma de um problema médico.

Algumas condições e síndromes associadas à heterocromia, como glaucoma pigmentar, podem ser detectadas somente por um exame detalhado.


Fonte:


Origem de buraco negro tem nova interpretação

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Imagem do Telescópio Espacial Hubble da galáxia que pode ter confiscado o buraco negro supermassivo de outra galáxia. 



Por Christopher Crockett

Será que buracos negros abandonam suas casas e vão para outras galáxias? Se for o caso, uma galáxia chamada NGC 1277 pode abrigar um fugitivo em seu núcleo.

Em 2012, astrônomos descobriram um buraco negro supermassivo em seu centro, com a massa de 17 bilhões de sois – o mais massivo conhecido.

Normalmente, um buraco negro tão enorme só seria encontrado em uma galáxia muito maior, o que sugere algo incomum no passado da NGC 1277. Dois astrônomos têm uma ideia: e se o buraco negro foi capturado após ser ejetado de uma colisão galáctica há bilhões de anos?

Na verdade, o buraco negro pode ser o que restou de uma galáxia ainda maior que fica nas proximidades. Há bilhões de anos, duas galáxias – cada uma carregando um buraco negro em seu núcleo – se chocaram para formar uma galáxia massiva chamada de NGC 1275.

Durante a colisão, os buracos negros centrais se atraíram, se fundiram, e recuaram para o espaço intergaláctico. O recém-nascido buraco negro sem casa vagou pelo aglomerado galáctico de Perseu até a NGC 1277 passar perto o suficiente para atraí-lo gravitacionalmente.

“Isso é especulação, mas é uma história divertida”, declara Gregory Shields, astrônomo da University of Texas, em Austin, e principal autor de um artigo publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters propondo esse cenário. “Você não precisa inventar nenhuma física nova. Você só precisa ter a sorte de encontrar uma galáxia menor”.

Simulações de computador mostram que quando dois buracos negros se fundem, a radiação irregular de energia gravitacional dá um chute no buraco negro resultante.

No caso de buracos negros supermassivos encontrados no centro de galáxias, esse chute pode ejetar o buraco negro final a uma velocidade de até cinco mil quilômetros por segundo – rápido o bastante para expulsá-lo de sua própria galáxia. 

Inspirado por essas simulações, Shields começou a trabalhar com Erin Bonning, astrofísica da Quest University Canada, para procurar buracos negros órfãos.

“Nós consideramos a possibilidade de que quando um buraco negro é ejetado dessa forma, ele pode arrastar um longo disco de gás consigo e continuar a se alimentar desse gás mesmo enquanto voa para longe da galáxia original”.

O conjunto de buraco negro e gás formaria um quasar flutuando livremente: um brilhante motor de radiação movido a gás superaquecido espiralando ao redor de um buraco negro massivo.

Apesar de eles ainda não terem encontrado um quasar andando entre galáxias, a ideia nunca foi abandonada. “É um processo tão fascinante que você simplesmente continua pensando nele”, comenta Shields.

Quando a descoberta de um buraco negro muito grande na NGC 1277 foi anunciada em 2012, Shields ficou atento. “Quando eu li aquele artigo, a ideia simplesmente surgiu na minha mente: aquele buraco negro se formou em uma galáxia maior e foi chutado dela”.

Karl Gebhardt, outro astrofísico da University of Texas, Austin, e co-descobridor do buraco negro da NGC 1277, está um pouco cético: “Essa é uma ideia muito interessante... mas vai precisar de muita sorte”.

Para que o cenário de Shields funcione, três fenômenos precisam ocorrer: os buracos negros precisam se fundir, o buraco negro resultante precisa ser chutado de outra galáxia (a NGC 1275) e então ser capturado pela NGC 1277.

Cada um desses eventos baixa probabilidade de ocorrer.

Mas em um Universo tão grande, até coisas improváveis acontecem de vez em quando. “Essa galáxia é estranha”, observa Gebhardt, “então o fato de que uma possível explicação também é estranha pode não ser tão surpreendente”.

Para descobrir o quanto a explicação é estranha será necessário observar muitas outras galáxias. “Se não houver outra galáxia com um buraco negro tão massivo [quanto esse]”, explica Gebhardt, “então algo com uma probabilidade muito baixa poderia ser uma explicação válida”.

Se, no entanto, descobrirmos que buracos negros enormes não são tão incomuns, devemos pensar em outra explicação.

A NGC 1277 pode já ter sido uma galáxia maior, e pode ter tido muitas de suas estrelas e gás roubados durante uma colisão próxima. Ou talvez o buraco negro tenha sido ejetado a partir de uma grande galáxia e arrastado o núcleo dessa galáxia consigo. Todos os cenários em que astrônomos conseguem pensar, porém, começam com o buraco negro surgindo em uma galáxia muito maior.

Descobrir de onde vêm esses buracos negros colossais pode levar a pistas sobre como galáxias evoluem.

Há algum tempo astrônomos sabem que buracos negros supermassivos e suas galáxias hospedeiras exercem influência um sobre o outro.

Conforme galáxias aumentam devido a colisões sucessivas, os buracos negros crescem.

Um buraco negro massivo pode se acender como um quasar ao sugar gases que teriam formado novas estrelas. O gás então dispara jatos com milhares de anos-luz de comprimento, reduzindo a formação estelar da galáxia.

“As pessoas estão vendo a simbiose de um buraco negro, a energia que ele produz como um quasar, e a evolução da própria galáxia como uma parceria que pode ter influências significativas de uma forma ou de outra”, finaliza Shields. “Então nós queremos entender como buracos negros chegam às galáxias”.




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Gasto com a Copa também gera reclamações entre cientistas

Reunidos em Recife até esta sexta-feira, pesquisadores brasileiros discutem como fazer a ciência avançar no País, no 63º encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, SBPC. Helena Nader, bióloga, cientista há mais de 30 anos e presidente da instituição desde 2011, não quer tirar recursos dos esportes – só quer que a ciência seja tratada da mesma forma.
Em entrevista por telefone, Nader disse que educação básica no Brasil é "muito ruim", mas que, na universidade, o País forma pesquisadores competitivos, que quase nunca retornam depois de uma temporada de estudos no exterior.
DW Brasil: Qual a maior preocupação da sociedade científica no Brasil de hoje?
Helena Nader: É a legislação vigente hoje para a ciência. Nós estamos sob a égide de uma lei que não é voltada para a ciência: é uma lei geral, voltada para compras no sistema público. Para se comprar qualquer equipamento, ou reagentes, é necessário fazer pregão, diversas licitações... E às vezes é preciso comprar um equipamento para uma determinada pesquisa. São legislações que estão travando e burocratizando toda a ciência brasileira. É o maior entrave na vida do pesquisador.
Nós temos problemas no sistema de importação – as importações acabam levando meses, em alguns casos até um ano. Eu até comento que acho que é fantástico o que o Brasil já conseguiu fazer na ciência apesar de todo o esforço para o País não andar para frente (risos).
Na opinião da senhora, o Brasil tem condições de formar bons pesquisadores?
Para formação o Brasil está muito bem. Tanto que a grande maioria dos nossos estudantes que vão para fora do País – seja durante a graduação, na pós ou no doutorado –, é convidada a permanecer. Isso acontece, provavelmente, por causa do funil da seleção para se entrar na universidade brasileira.
Apesar da expansão da universidade pública no Brasil e do financiamento para estudo em universidades privadas, o número de brasileiros que chega às universidades é pequeno. A gente tem uma forte seleção e aqueles que entram são altamente competitivos.
A ciência no Brasil também está sendo feita em institutos de pesquisa ligados a diversos ministérios, como no Inmetro. O que nós não temos estruturado ainda como uma norma no País é a investigação no setor produtivo, nas empresas. Claro que existem exceções, como a Petrobras, que desenvolveu toda a tecnologia de exploração do Pré-Sal, a Embraer, que investe em doutores e pós doutores para fabricar aviões reconhecidos no mundo. Mas ainda não existe uma cultura de se fazer pesquisa na indústria. Mas está acontecendo uma tentativa de se reverter esse quadro.
Isso explica a pouca inovação no Brasil?
A inovação não é feita na universidade. A universidade é parceira, mas quem faz a inovação é o setor produtivo. Esse quadro está começando a mudar, mas leva tempo. A Alemanha mesmo tem uma grande história para a produção que o País tem nessa área de inovação.
As universidades no Brasil também são recentes, a institucionalização da carreira do professor é recente, aconteceu nos últimos 60 anos. E os financiamentos mais constantes começaram a acontecer nos últimos 15 anos. A ciência brasileira, há 30 anos, era muito periférica.
Agora precisamos do envolvimento do empresariado brasileiro com a produção da tecnologia e inovação. Mas isso vai levar tempo. Inovação leva pelo menos, dependendo da área, de 5 a 10 anos.
As universidades brasileiras são competitivas em relação às demais?
Não. Ainda estamos aquém do que o Brasil precisa. Precisamos de muito mais investimento. Nos últimos 10 anos, o Brasil começou a fazer o que na Europa e nos Estados Unidos já é uma tradição: laboratórios nacionais ou interPaíses. Ou seja, em vez de se ter um equipamento de grande porte localizado para um grupo, esse equipamento fica disponível nos chamados laboratórios nacionais.
O primeiro grande exemplo que deu certo no Brasil foi o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). Ao redor dele cresceram outros laboratórios nacionais, como o de Nanotecnologia, o de Bionergia... Estamos discutindo a construção de outros, não se pode concentrar tudo em uma região. Pensamos que o desenvolvimento tem que atingir a inclusão social, então ele precisa acontecer em todas as regiões do País.
Esses laboratórios nacionais podem levar o Brasil a um novo patamar?
Sem dúvida, assim como o Brasil pautou a agricultura tropical – e eu digo isso com muita felicidade, que nós somos os melhores. Ninguém acreditava que o solo do cerrado servisse para plantação de soja. Mas com pesquisa e tecnologia provou-se o contrário. Hoje o País produz soja com alta produtividade.
Isso foi a ciência: houve um investimento na Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], nas universidades e escolas de agronomia. Nós queremos agora agregar valor aos produtos brasileiros. No caso da soja, por exemplo, ainda exportamos apenas os grãos. Mas temos uma agricultura que permitiu mudar o padrão de alimentação do povo brasileiro, que hoje tem uma mesa muito mais farta. Na década de 60 o leite tinha que ser importado!
Houve uma mudança via ciência, e o Brasil está reconhecendo isso. Mas precisamos melhorar. A educação pública básica ainda está muito ruim e o País reconhece isso. Mas o Estado brasileiro incorporou que é fundamental ter a ciência como aliada para dar um salto econômico.
A senhora apoia a participação do Brasil em grandes projetos internacionais milionários, como o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), uma organização de pesquisa em astronomia que poderia custar até 255 milhões de euros em dez anos ao País?
Não acho uma contradição que o Brasil queira fazer parte. A aprovação depende do Congresso Nacional. É um grande investimento. É muito mais que o gasto no LNLS que ainda está sendo construído. Mas acho que o Brasil tem que entrar. Tudo o que fará o País avançar na ciência, obviamente, vai receber o apoio da SBPC.
Mesmo que o País tenha ainda tanto o que fazer, por exemplo, na educação básica?
Eu sei. Mas isso não quer dizer que o Brasil agora só tenha que investir em educação básica. Porque isso seria cometer erros do passado. Demoramos muito para atingir o padrão que temos hoje. Eu não posso só investir em um ponto e esquecer o resto. O que falta no Brasil é a iniciativa privada acreditar que precisa investir em ciência. Também faltam doações, o que é muito comum na Europa e nos Estados Unidos.
A gente lutou muito para os recursos do Pré-Sal fossem investidos em educação. Nós defendemos que os royalties devem ser investidos da seguinte maneira: 70% para ensino básico, 20% para o superior e 10% para ciência e tecnologia. Ainda não desistimos.
De onde poderiam vir os recursos para o ESO?
O País tem recursos. Um País que decidiu que vai ser sede da Copa do Mundo e que constrói tantos estádios... Alguns gastos são mais elevados que a construção da linha de luz síncrotron, que será a mais moderna do mundo. Para atender às especificidades internacionais, o projeto do LNLS está orçado em 650 milhões de reais. Ou seja, menos que um estádio de futebol.
Eu não quero tirar dos esportes, acho que o esporte é importante, ele constrói cidadania. Mas eu quero ser tratada igual, só isso. A presidente Dilma tem feito um discurso que mostra que ela está acreditando em ciência.
A senhora está falando do Ciência sem Fronteira? Como a senhora mesmo disse, muitos estudantes vão para o exterior e não voltam. Vai chegar o momento em que o Brasil vai brigar para recrutar todos esses cientistas de volta?
Eu acho que o programa Ciência sem Fronteira vai dar um grande impacto no País. Eu espero estar viva e com a cabeça boa para, daqui a dez anos, poder falar sobre esse impacto. Falei para a presidente: "A senhora foi muito criticada porque o programa aconteceu muito rápido. Mas se a senhora tivesse tentado montar o programa perfeito nunca teria começado. A senhora fez o que devia, montou e agora está trocando pneu com o carro andando."
Agora, eu adoraria que o Brasil se preocupasse em recrutar os cientistas brasileiros espalhados pelo mundo. Mas ainda vai levar um tempo. Eu seria leviana se dissesse que isso já está para acontecer. Nós temos que melhorar muito. Se a legislação não mudar, se não resolvermos os problemas para importar e a infraestrutura, e se não tivermos os laboratórios nacionais, o indivíduo que está hoje produzindo na Europa e nos Estados Unidos não vai querer voltar.
É um processo. Se tivermos um projeto de Estado, e não de governo, a gente poderá mostrar um novo panorama, com uma legislação pró-ciência. Podemos oferecer o sol que brilha o ano todo, a ausência de terremotos, um País que recebe todos de braços abertos e convidar todos para vir fazer ciência aqui.


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terça-feira, 23 de julho de 2013

Guerra não é herança evolutiva dos humanos







Por John Horgan

uma das mais insidiosas ideias modernas sustenta que a guerra é inata, uma adaptação criada em nossos ancestrais pela seleção natural. Essa hipótese – vamos chamá-la de “Teoria da Guerra com Raízes Profundas” – já foi promovida por intelectuais respeitáveis como Steven Pinker, Edward Wilson, Jared Diamond, Richard Wrangham, Francis Fukuyama e David Brooks.

A Teoria das Raízes Profundas aborda não apenas a agressão humana violenta em geral, mas uma manifestação específica dela, envolvendo ataques de um grupo contra o outro.

Os adeptos da teoria frequentemente argumentam que – por mais belicosos que sejamos atualmente – nós éramos ainda mais belicosos antes do advento da civilização.

 Pinker alega em seu bestseller, Better Angels of Our Nature (Os anjos bons de nossa Natureza, em tradução livre), que “ataques e disputas crônicas caracterizam a vida em um estado natural” . Em The Social Conquest of the Earth (A Conquista Social da Terra), Wilson chama a guerra de “maldição hereditária da humanidade”.

A Teoria das Raízes Profundas se tornou extraordinariamente popular, especialmente considerando as evidências para ela são extraordinariamente fracas.

Um estudo publicado em 18 de julho na Science, “Lethal Aggresion in Mobile Forager Bandas and Implications for the Origins of War”, fornece contra-evidências para a Teoria das Raízes Profundas.

Os autores do estudo, os antropólogos Douglas Fry e Patrik Soderberg da Universidade Abo Akademi, na Finlândia, declaram que seus descobertas “contradizem afirmações recentes de que coletores nômades se engajavam regularmente em guerras de coalisão contra outros grupos”.

Fry e Soderberg se concentram em bandos de coletores com grande mobilidade, também chamados de caçadores-coletores nômades, porque se acredita que seu comportamento forneça uma janela para a evolução humana.

Nossos ancestrais viveram como coletores nômades desde a emergência do gênero Homo há cerca de dois milhões de anos até aproximadamente 10 mil anos atrás, quando humanos começaram a plantar, domesticar animais e se estabelecer em sociedades hierárquicas mais complexas.

Fry e Soderberg examinaram dados de violência mortal em 21 sociedades coletoras observadas por etnógrafos.

As sociedades incluem os Aranda e Tiwi, da Austrália, os Kaska, Kitlinermiut, e Montagnais da América do Norte; os Botocudo da América do Sul, os Kung, Haza e Mbuti da África; e os Vedda e Andamanese do Sul do Ásia.

Fry e Soderberg regisram um total de 148 “eventos de agressão letal” nessas sociedades.

Os pesquisadores distinguem entre a violência envolvendo pessoas que pertencem ao mesmo grupo, frequentemente aparentados, e a violência entre pessoas em grupos diferentes. Eles também distinguem entre a violência envolvendo apenas um perpetrador e vítima e a violência envolvendo pelo menos dois assassinos e duas vítimas.

Essas distinções são cruciais, porque a guerra, por definição, é uma atividade em grupo.

Os defensores da teoria "raízes profundas" frequentemente consideram todas as formas de violência mortal, não apenas a violência em grupo, como evidência para sua teoria. (Eles frequentemente também contabilizam a violência em sociedades que praticam a horticultura, como os Ianomami da Amazônia, mesmo que a horticultura seja uma invenção humana relativamente recente.)

Das 21 sociedades examinadas por Fry e Soderberg, em três não encontraram registro de morte de nenhum tipo, e em 10 não havia mortes provocadas por mais de um perpetrador.

Em apenas seis sociedades os etnógrafos registram mortes que envolveram dois ou mais perpetradores e duas ou mais vítimas. Uma única sociedade, no entanto, os Tiwi da Austrália, foi responsável por quase todas essas mortes em grupo.

Alguns outros pontos de interesse: 96% dos assassinos eram do sexo masculino.

Isso não é surpresa. Mas alguns leitores podem se surprender com o fato de que apenas duas de 148 mortes se originaram de luta por “recursos”, como áreas de caça, fontes de água ou árvores de frutos.

Nove episódios de agressão letal envolveram maridos matando esposas; três envolveram a “execução” de um indivíduo por outros membros de seu grupo; sete envolveram a execução de “estranhos”, como colonizadores ou missionários.

A maioria das mortes veio do que Fry e Soderberg categorizam como “disputas pessoais diversas”, envolvendo ciúmes, roubos, insultos e assim por diante. A causa mais específica de violência mortal – envolvendo perpetradores únicos ou múltiplos – foi a vingança de um ataque anterior.

Esses dados corroboram a teoria da guerra proposta por Margaret Mead em 1940.

Observando que algumas das sociedades coletoras simples, como os aborígenes australianos, podem ser belicosas, Mead rejeitou a ideia de que a guerra era uma consequência da civilização. Mas ela também descartou a noção de que a guerra fosse inata – uma “necessidade biológica”, como ela chamava – simplesmente ao apontar (como fazem Fry e Soderberg) que algumas sociedades não se engajam em violência entre grupos.

Mead (novamente como Fry e Soderberg) não encontrou evidências para o que poderia ser chamado de teoria malthusiana da guerra, que sustenta que a guerra é a consequência inevitável da competição por recursos.

Em vez disso, Mead propôs que a guerra é uma “invenção” cultural – no linguajar moderno, um meme, que pode surgir em qualquer sociedade, da mais simples até a mais complexa.

Uma vez que surge, a guerra frequentemente se auto-perpetua, com ataques de um grupo provocando retaliações e ataques preventivos de outros.

O meme da guerra também transforma sociedades, fazendo com que se tornem militarizadas e tornem a guerra mais provável.

Os Tiwi parecem ser uma sociedade que abraçou a guerra como modo de vida. Assim como os Estados Unidos da América.

A Teoria das Raízes profundas é insidiosa porque leva muitas pessoas a sucumbir a noção fatalista de que a guerra é inevitável. Errado. A guerra não é nem inata, e nem inevitável.

 


Fonte:

A evolução do cérebro em encontrar padrões




Trecho do livro Cérebro e Crença do psicólogo e escritor da revista Skeptics, Michael Shermer



Imagine que você é um hominídeo caminhando por uma savana africana há 3 milhões anos. Você ouve um ruído na mata. Será apenas o vento ou um predador perigoso? Sua resposta pode significar vida ou morte. Se você presumir que o ruído na mata é um predador perigoso, mas for apenas o vento, você terá cometido o que chamo de “erro cognitivo do tipo I”, também conhecido como “falso positivo”, isto é, acreditar que alguma coisa é real quando não é. Ou seja, você descobriu um padrão inexistente. Você conectou (A) um ruído na mata a (B) um predador perigoso, mas nesse caso A não estava ligado a B. Não houve nenhum dano. Você se afasta do ruído, torna-se mais alerta e cauteloso e encontra outra trilha que o leva a seu destino.

Se você presumir que o ruído na mata é apenas o vento, mas na verdade for um predador perigoso, você terá cometido o que chamo de “erro cognitivo do tipo II”, também conhecido como um “falso negativo”, isto é, acreditar que alguma coisa não é real quando na verdade é. Ou seja, você perdeu um padrão verdadeiro. Deixou de ligar (A) um ruído na mata a (B) um predador perigoso, r nesse caso A estava ligado a B. Você será devorado!

Nosso cérebro é uma máquina de crença, um aparelho avançado de reconhecimento de padrões que ligam os pontos e criam significados a partir de padrões que acreditamos ver na natureza.


Quando a associação é verdadeira, aprendemos algo valioso sobre o ambiente, e a partir disso podemos  fazer previsões que nos ajudem a sobreviver e nos reproduzir. Somos os ancestrais daqueles que foram mais bem sucedidos em encontrar padrões. Esse processo se chama “aprendizado por associação” e é fundamental para o comportamento de todos os animais, do C. elegans ao H. sapiens. Chamo esse processo de padronicidade, ou a tendência de encontrar padrões significativos em dados que podem ou não ser significativos.

Infelizmente não desenvolvemos no cérebro uma rede de detecção de besteiras, capaz de distinguir padrões falsos dos verdadeiros. Não possuímos um detector de erros capaz de regular a máquina de reconhecimento de padrões.

Avaliar  a diferença entre o erro do tipo I e o erro do tipo II é muito difícil - especialmente nas frações de segundos que frequentemente determinam a diferença entre a vida e a morte. Melhor é supor que todos os padrões são reais, ou seja, que todos os ruídos na mata são provocados por predadores perigosos, e não pelo vento.

Essa é a base da evolução de todas as formas de padronicidade, inclusive da superstição e do pensamento mágico. Existe no processo cognitivo uma seleção natural de supor que todos os padrões são reais e todas as padronicidades representam fenômenos reais e importantes. Somos descendentes de primatas que empregaram a padronicidade com mais sucesso.

O problema que enfrentamos é que a superstição e a crença na magia está presente muito antes da ciência. Qualquer charlatão que prometa que A vai curar B só precisa fazer publicidade de uns poucos testemunhos de sucesso.

Embora o reconhecimento do verdadeiro padrão nos ajude a sobreviver, o reconhecimento do falso padrão não nos mata necessariamente, e foi assim que o fenômeno da padronicidade suportou o processo discriminatório da seleção natural. Porque precisamos fazer associações para garantir a sobrevivência e a reprodução, a seleção natural favoreceu todas as estratégias de associação, mesmo as que resultam em falsos positivos.


Mariane SD

Estrelas Anãs vermelhas

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Concepção artística de uma anã vermelha



Parece ser o tipo mais comum de estrela na Via Láctea. Das trinta estrelas mais próximas, vinte são anãs vermelhas. Contudo, devido à sua baixa luminosidade, as anãs vermelhas não podem ser observadas facilmente às distâncias interestelares nas quais sim observamos outras classes de estrelas; de fato, nenhuma anã vermelha é visível à simples vista, porque elas são menores que o sol. E por isso, fundem seu combustível nuclear vagarosamente,  através da cadeia próton-próton. A sua temperatura à superfície é relativamente baixa.

Em geral, nas anãs vermelhas, o transporte de energia do interior para a superfície é por convecção. Isto ocorre porque a radiação é muito difícil, devido à opacidade do interior, que tem uma densidade relativamente alta comparada com a temperatura e é mais difícil para os fotões viajarem para a superfície, de modo que a convecção torna-se mais eficiente para a transmissão da energia.

Ao serem as anãs vermelhas totalmente convectivas, o hélio não se aglomera no núcleo e, comparado com estrelas maiores, como o Sol, podem queimar uma proporção maior do seu hidrogênio antes de abandonar a sequência principal. O resultado é que a vida estimada das anãs vermelhas supera a idade estimada do Universo, possivelmente de 200 000 milhões a vários bilhões de anos, pelo qual as estrelas com menos de 0,8 massas solares não tiveram tempo de deixar a sequência principal. As anãs vermelhas de menor massa têm vidas ainda mais longas, o que implica que a sua evolução tem de se estudar mediante modelos matemáticos ao não dispor de suficientes dados por observação.

O fato das estrelas de baixa massa permanecerem no universo por mais tempo permite estimar a idade dos aglomerados estelares.

Um mistério ainda não solucionado desde 2007 é a ausência de anãs vermelhas sem metais, entendendo por metal qualquer elemento mais pesado que o hidrogênio ou o hélio. O modelo do Big Bang predisse que a primeira geração de estrelas somente deveria ter hidrogênio, hélio e traças de lítio. Se entre estas estrelas existissem anãs vermelhas, estas ainda deveriam ser observáveis na atualidade, mas nenhuma foi identificada ainda. A explicação preferida consiste em que, sem elementos pesados, apenas podem formarem-se estrelas grandes de População III (ainda não descobertas), que depressa fusionam elementos pesados que depois são incorporados na formação das anãs vermelhas. Outras explicações alternativas, como que as anãs vermelhas de idade zero na sequência principal são ténues e muito escassas, são considerados muito menos prováveis, pois parece que entram em conflito com os modelos de evolução estelar.


Concepção artística de um planeta orbitando uma anã vermelha.

Embora a maior parte dos exoplanetas descobertos orbitem ao redor de anãs amarelas similares ao Sol, são conhecidos sistemas planetários ao redor de anãs vermelhas.

Especula-se que apenas 5% são alvos de estudo na busca por exoplanetas, estes podem ser menos massivos, como consequência do menor tamanho dos seus discos protoplanetários

Gliese 876 b, descoberto em 1999, foi o primeiro exoplaneta conhecido orbitando em redor de uma anã vermelha. Gliese 581 tem pelo menos quatro planetas; dois deles, Gliese 581 c e Gliese 581 e, orbitam na Zona habitável da estrela e, entre os exoplanetas descobertos por enquanto, são prováveis candidatos a ser habitáveis.

zona habitável em torno destas estrelas fica a distâncias compreendidas entre 0,1 e 0,2 UA, correspondendo a períodos orbitais entre 20 e 50 dias.


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Mariane SD