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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pelo direito dos pequenos

Pelo direito dos Pequenos.

Por alessandro carvalho cordeiro,
Biomédico e estudante de jornalismo




Muito se fala hoje em dia sobre os direitos dos animais. Pessoas se mostram contra rodeios, touradas, animais em circos, vaquejadas, etc. Porém mesmo entre os defensores dos direitos dos animais existe um grupo quase sempre esquecido; O dos insetos. 

Os insetos estão entre os animais mais antigos que existem no planeta. No passado, no período carbonífero, uma época anterior a dos dinossauros, existiram insetos gigantes caminhando e voando sob a terra. Eles também são um dos grupos de animais com a maior diversidade de espécies conhecida. Porém o que quero falar sobre estes pequenos, vastos e curiosos animais é sobre sua opressão.

Diariamente, milhões de pessoas promovem juntas ao redor do mundo todo um genocídio em massa. Um genocídio silencioso. Um genocídio tão grande, que faz o holocausto nazista parecer coisa de criança. Ele não está nos jornais, nem nas tvs, nem nas conversas de amigos de tão natural que as pessoas o vêem. São milhões de mosquitos esmagados, baratas e formigas pisoteadas, abelhas e moscas assassinadas, etc. Todos nós nascemos e crescemos, fomos criados sobre esta cultura de morte. Uma cultura que não vê nada demais em se matar um inseto. Vivemos em uma cultura de assassinato.  

Que atire a primeira pedra aqui quem jamais matou um mosquito ou formiga que seja? Acho que nenhuma pessoa na face da terra poderia alegar inocencia. Mais o ponto em que quero chegar, o ponto que é o que realmente quero mostrar, é o tamanho do horror que há em se matar uma única mosca ou formiga que seja. Muitos de vocês que lêem este meu artigo podem estar se perguntando:“sim, eu matei 1 mosquito que estava me incomodando ontem a noite, mais e daí? qual é o problema nisso?”. O problema é que matar uma formiga ou uma mosca é exatamente a mesma coisa que se matar uma pessoa e nos deviamos saber disso.

A vida animal e a vida humana possuem igual valor. mesmo a menor das vidas animais, mesmo a vida de um inseto, tem o mesmo valor da vida de uma pessoa humana. Duvida? Porque seria diferente? Não são ambas vidas? Convenhamos, A única coisa que difere você de uma mosca por exemplo, é a forma e o tamanho de seus corpos; E é claro, o fato d que uma das espécies é mais inteligente que a outra. Porém o fato de você ser mais inteligente que uma pessoa com uma grave deficiência mental e ter a aparência diferente dela não torna a sua vida mais importante que a dela não é? Então porque seria diferente com os animais? Porque seria diferente com um pequeno inseto, ou com um pequeno mosquito ou uma formiga? Você pode me chamar de louco pelo que eu vou declarar agora; Mais eu acho que se você mata dois mosquitos, você é uma pessoa muito mais criminosa do que uma pessoa que pega um revólver, sai a rua e assassina uma pessoa.

Porque eu digo isso? Porque eu acho que você é mais criminoso que ela? É porque você tirou duas vidas, já o bandido só tirou uma. Ah, mais eram só mosquitos você me dirá em sua defesa. Pois tome cuidado com esta defesa. Discurso igual já foi usado para justificar a matança d negros, índios, judeus, etc. É o velho e chato discurso irracional do preconceito. Neste caso o especismo ou preconceito de especie. Apesar do que eu já disse aqui, eu creio que provavelmente o que eu disse ainda não foi o bastante para lhe convencer a desistir de matar aquele mosquito solitário e chato que está chupando o seu sangue não é? Então deixe-me tentar explicar meu ponto de vista de outra maneira.

Uma bem mais profunda. Como todos devem saber, nós e todo o resto que existe no universo, tudo o que é vivo ou não, conhecido ou não, nasceu a partir do Big Bang. Naquela época a matéria que forma tudo o que você vê ao seu redor estava concentrada em um ponto menor do que um átomo. O universo por algum motivo então, começou a se expandir e após uma série de eventos cá estamos nós e tudo o que existe. Tudo o que existe por sua vez é feito da mesma coisa, da mesma matéria que todo o resto é feito, dos mesmissimos átomos. Desde o ar do céu, até os animais e as pessoas, tudo é feito da mesma matéria e tem uma origem comum. No mundo natural nínguem é superior ou inferior. Nosso corpo e nossa mente, nosso eu, todo ele é feito da mesma coisa, da mesma matéria, dos mesmos átomos de todo o resto.



Pois bem, no século 19 cientistas descobriram que mesmo nossa consciência, nossa mente, nossa vida, nosso “eu” interno que mora dentro de nossa cabeça, ou em outras palavras você que lê este texto, nada mais era do que um monte de impulsos eletroquímicos em seu cérebro. E impulsos eletroquímicos no cérebro nada mais são do que um monte de íons, átomos, elétrons, etc; Percorrendo entre seus neurônios. Ainda hoje se discute se nossa mente é apenas estes impulsos eletroquímicos e existe independente de nosso cérebro [que seria só um reservatório e organizador da mesma ] ou se não, e a vida também inclui o cérebro como um todo. Independente de qual for a resposta, para nós por hora não importa; O que nos interessa no momento é um fato. O fato de que sua consiência, seu "eu" é um fenômeno físico. Um fenômeno natural e material. Apenas eletroquímica cerebral e nada mais. 

Neste momento você já deve estar se perguntando o que isso tudo tem haver com os direitos animais e minha campanha para não matar insetos não é?

Pois bem, dito isto acima, imaginemos a seguinte situação, seu pai e sua mãe não se conhecem, o que acontece com você? Você não nasce correto? Porém se seus pais se conhecem e se relacionam você se desenvolve no útero de sua mãe e nasce. Isto ocorre porque seu cérebro que é feito de átomos cria uma rede intrincada de neurônios interligados entre si e impulsos eletroquímicos que ficam indo de um neurônio a outro para criar esta pessoa que é você. Entretanto, se os fatos históricos tivessem sido ligeiramente diferentes e seus pais não tivessem se conhecido o que teria acontecido com aqueles átomos, elétrons, íons e moléculas que formam seu “eu”? No universo nada se cria nem se destrói só se transforma ou se transfere; Ou em outras palavras, você não teria nascido, porém as partículas que formam você iam ficar perambulando por aí. E o que ocorrerria com elas depois? Bem, uma possibilidade é que talvez você nunca viesse a nascer novamente. Porém existe outra possibilidade. Outra coisa poderia  hipoteticamente acontecer. Da mesma forma que por uma série de eventos históricos estas partículas por pura coincidência se reuniram no útero de uma mulher humana [sua mãe] e se organizaram de um modo específico para criar você, se os fatos históricos fossem outros, estas mesmas partículas poderiam ter criado a sua mente, a sua consciência, o seu “eu” interno, você, no útero de um animal.

Se os fatos históricos fossem outros você, a sua mente, poderia ter sido gerada no embrião no útero de uma égua por exemplo. Ou talvez no de uma baleia. Talvez no útero de uma gorila ou, porque não? Em um pequeno embrião se desenvolvendo dentro de um ovo de um inseto. Seria exatament a mesma pessoa. Seria você lá, seria a sua mente lá, seria o seu eu interior, seria você lá. Só que estaria dentro do corpo de um mosquito. E claro, visto que o intelecto dos mosquitos é inferior ao nosso, você seria menos esperto do que é hoje, mais isto não será novidade para voce não é? Você hoje é bem mais inteligente do que era quando estudava no maternal da escola ou será que não? Porém você acha que sua vida era menos importante naquela época do que é hoje? Não? Pois é, o mesmo vale para formigas, moscas, baratas e outros insetos.

Se a história tivesse sido ligeiramente diferente, e os pais  de uma dada pessoa não tivessem se conhecido por exemplo, seria  bem possível, que a mesma pessoa que você viu ontem aparecer morta no jornal, vítima de um assassinato por exemplo, pudesse ter nascido como uma mosquito e por pura coincidência estivesse agora solitariamente chupando o seu sangue, quando de repente você vai lá e a mata com uma pancada. Se os fatos historicos tivessem sido outros, Você teria feito exatamente a mesma coisa que fez o assassino que condena na tv. Teria matado exatamente a mesma pessoa. Só não se sentiria culpado porque não vê nela uma pessoa. Vê apenas um mosquito, uma “praga” a ser eliminada. Ou seja, pela lógica, pela pura lógica apenas, matar uma formiga solitária que anda pela sua casa sem lhe incomodar ou um mosquito que chupa o seu sangue, não é menos criminoso que matar uma pessoa. De fato é matar uma pessoa. Uma pessoa de outra espécie, mais ainda assim uma pessoa por assim dizer. Uma vida. Uma vida com o mesmo valor que tem qualquer outra vida. Afinal, nenhuma vida vale mais ou menos do que outra vida, são ambas, apenas vidas diferentes. Não melhores nem piores, só diferentes; Feitas ambas da mesma matéria e dos mesmos átomos que formam tudo. que formam todo o resto. nada superior nem inferior. tudo igual. átomo por átomo. Logo, a única diferença entre matar um mosquito e uma pessoa, é que matar um mosquito é socialmente aceito. E isto, a meu ver, é algo perturbador.

É lógico que não estou propondo aqui que paremos todas as campanhas contra o mosquito da dengue ou coisa do tipo. A casos em que é necessário sim matar alguns insetos. Você pode mata-los para se defender, para defender outras pessoas, para impedir epidemias, etc. Porém você não precisa matar a formiga solitária que anda no meio do chão da sua casa por nada. Você não precisa mata-la só porque te deu vontade de mata-la. Você não precisa matar o mosquito que chupa seu sangue, basta assoprar que ele sai de seu braço [o mesmo vale para formigas]. Você não precisa matar a barata ou a borboleta que entrou na sua casa. Pode captura-la e joga-la de volta para a rua ou coloca-la em uma árvore ou em um quintal. O que quero neste texto, é que combatamos esta cultura de assassinato que temos. 

Desumanizamos tanto os insetos, os vemos tanto como coisas, que já os matamos sem sequer nos dar conta disto. Já fazemos no automático. Já é quase um ato robótico, um ato reflexo.

Uma vez ao falar destas idéias a uma amiga, ela concordou comigo, riu um pouco, e disse que ia aderir, não pelos insetos mais por consideração a minha pessoa. Porém disse ela; As formigas ela ia continuar matando pois elas infestavam o açúcar da casa dela. Ri um pouco do que ela me falará e lhe dei uma sugestão. Perguntei a ela porque não guardava o açúcar na geladeira? Guardando lá você não precisa matar formiga alguma e seu açúcar fica protegido das formigas disse a ela. Ela gostou da idéia e disse que ia fazer. Isto mostra como um pouco de criatividade pode salvar vidas. Da mesma forma outras medidas simples podem evitar mortes desnescessárias de insetos. Manter a casa limpa por exemplo, impede que os insetos as invadam e faz você economizar dinheiro com o detetizador. Muitas vezes as pessoas se sentem impotentes diante dos males do mundo. Reclamam da violência, da corrupção, etc. Dizem que gostariam de fazer algo mais que não tem poder para isso. Pois bem, eu estou lhe mostrando uma revolução que está ao seu alcance. Imagine que você comece a parar de matar insetos desnescessariamente a partir de hoje. Quantas vidas não serão salvas em um ano? Quantas centenas, talvez milhares de formigas você não mata todo ano? fora moscas, baratas, grilos,etc.

Quantas vidas seriam salvas se você, apenas você meu amigo leitor, parasse hoje de matar insetos? Quantas milhões de vidas seriam salvas se você ficasse o resto de sua vida sem matar insetos desnescessariamente? Talvez conseguíssemos salvar um número de vidas similar a que morreu no holocausto nazista. Porém vamos mais longe, e se você repassar este texto e sua idéia para um amigo seu e ele para uma amigo dele e para outro e outro e outro, etc. E se o brasil todo aderisse a esta idéia? Somos por volta de 200 milhoes de pessoas. E se pudéssemos parar 200 milhoes de genocídios? Quantas não milhões, mais talvez bilhões ou trilhões de vidas não seriam salvas? E se o mundo todo abandonasse essa cultura de assassinato em massa e parasse de por nada matar insetos? Pense nisso.

Eu acredito que um dia o mundo ainda verá e entenderá que a vida de um relés mosquito vale tanto quanto uma vida humana. Eu acredito que ainda chegará o dia em que será tão difícil e abominável para uma pessoa, matar um mosquito quanto o é para nós hoje em dia só cogitar a idéia de matar uma pessoa. Ainda hoje me recordo com orgulho do dia em que salvei uma barata de morrer na privada da casa de minha avó. Estendi a ela uma vassoura aonde ela subiu e depois a deixei no quintal da casa. Também com orgulho me recordo de ter desvirado um pequeno inseto do qual não sei o nome que estava caído no chão de costas e não conseguia se desvirar. E com orgulho também me recordo de ter recolhido uma formiga do chão do banheiro de casa antes de ligar o chuveiro para tomar banho [se não o tivesse feito ela teria ido ralo abaixo e morrido]. Eu confesso que tive de ter coragem para vir aqui lhes escrever este texto e lhes contar estas histórias.

Tive de ter coragem, porque para a maioria das pessoas ela parecerá ridícula e me fará alvo de piadas de mau gosto, gozações e chacotas. Igual a que faziam as pessoas que defendiam a causa gay a 40,50 anos atrás. Mais acho que salvar a vida destes pequeninos é tão importante que vale a pena ser zoado se com isso puder salvar a vida de pelo menos um deles. Se ao menos um de vocês que lêem este meu texto deixarem de por causa dele, matar uma formiga que seja; Se por causa dele deixarem de matar uma mosca que seja, eu acho que já vai ter sido valido o trabalho de tê-lo produzido. Muitas pessoas dizem que não podem fazer nada para mudar o mundo. Pois bem, hoje eu lhe dou a oportunidade de fazer parte de uma revolução. A oportunidade de evitar um genocídio. E isso sem nem sequer ter de sair de casa.Ouça o meu pedido, não mate o mosquito, o assopre. Tem muitos em sua casa? Compre um mosquiteiro e ponha na sua cama. Tem uma barata em casa? Recolha-a com 1 vassoura e a ponha na rua. Viu 1 formiga solitária andando no chão de sua casa? Deixe-a lá, não a mate. Guarde o açúcar na geladeira. Salve vidas. Vidas que valem o mesmo que a minha e a sua. Se este pequeno porém visionário artigo conseguir salvar uma vida, apenas uma vida que seja. Se ele conseguir tocar no fundo de ao menos um de vocês que o lê. Ele terá valido o trabalho que deu fazer. Lembrem-se, quem salva uma vida salva um mundo todo. Salve uma vida, , salve um mundo.


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