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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Ancestral do homem e do macaco já fazia música há 30 milhões de anos




As habilidades musicais evoluíram há pelo menos 30 milhões de anos em um ancestral comum a humanos e macacos, segundo um novo estudo publicado na revista Biology Letter. Suas conclusões podem ajudar a explicar por que os chimpanzés batucam nas raízes das árvores e os macacos parecem cantar quando guincham.
O estudo também sugere uma resposta a uma questão do tipo “o ovo ou a galinha”: o que surgiu primeiro, a linguagem ou a música? A resposta parece ser a música. ”Os comportamentos musicais seriam o primeiro passo para a padronização fonológica e, portanto, para o surgimento da linguagem”, explica o líder do estudo, Andrea Ravignani, ao Discovery Notícias.
Para o estudo, Ravignani, doutorando do Departamento de Biologia Cognitiva da Universidade de Viena, e seus colegas se concentraram em uma habilidade conhecida como “detecção de dependência”, ligada ao reconhecimento das relações entre sílabas, palavras e notas musicais . Por exemplo, quando ouvimos um padrão conhecido, como Dó-Ré-Mi, e o ouvimos de novo, ele não causa estranheza. Já quando ouvimos as notas Dó-Ré-Fá depois de Dó-Ré-Mi, por exemplo, parece que há algo errado porque a sequência viola o padrão esperado.
Em geral, os macacos não reagem da mesma forma, mas a pesquisa chamou a atenção dos primatas por usar sons dentro de suas faixas de frequência.
No estudo, macacos-de-cheiro (espécie também conhecida como boca-preta, jurupari ou jurupixuna) foram colocados em uma cabine de som e escutaram três sequências musicais diferentes. (Os pesquisadores alimentaram os macacos com insetos entre as reproduções dos sons, e eles rapidamente tomaram gosto pela atividade). Sempre que ouviam uma sequência diferente, como Dó-Ré-Fá, os macacos fixavam o olhar, como se dissessem: “Hã?”.
“Nesse tipo de experiência, geralmente os macacos ouvem a fala humana”, explica a co-autora Ruth Sonnweber . “Projetar estímulos musicais específicos para a espécie pode ter contribuído para a percepção dos macacos-de-cheiro”.
Os macacos do estudo demonstraram que entenderam os padrões sonoros – e também quando foram alterados. Essa capacidade, fundamental para a linguagem e a música, teria evoluído há pelo menos 30 milhões de anos em um primata pequeno e peludo, que vivia em árvores e foi o último ancestral comum a humanos e macacos. É provável que todos os primatas atuais compartilhem as mesmas habilidades.
Os primatas não humanos podem ser mais musicais do que pensamos. Os guinchos dos macacos-de-cheiro são tão agudos e musicais que, para um ouvido destreinado, soam como cantos de pássaros. Além disso, os chimpanzés selvagens têm o costume de batucar em raízes de árvores.
“Meus colegas e eu construímos um tipo de bateria eletrônica rudimentar, especialmente projetada para chimpanzés, que pode produzir praticamente qualquer som”, conta Ravignani. “Já testamos a bateria em um grupo de chimpanzés, e o entusiasmo dos animais em produzir sons com o equipamento nos estimula a continuar nesta linha de pesquisa”, acrescenta. Ravignani conta que a equipe pretende coletar sons dos chimpanzés para descobrir se apresentam estruturas musicais.
Charles Snowdon , professor de psicologia e zoologia da Universidade de Wisconsin-Madison, afirma que os resultados do estudo fazem sentido. ”Acredito que a capacidade de produzir e compreender o som organizado é uma característica dos primatas há muito tempo, e a partir dessa definição, muitos pássaros canoros também podem ser incluídos, o que significa que aspectos das origens da música surgiram há muito mais tempo na linha evolutiva”, explica o pesquisador.
Outros estudos do gênero devem surgir para verificar quais outras habilidades podem ser atribuídas a espécies não-humanas. “Não é surpreendente que a compreensão e capacidade musicais tenham uma história antiga, já que não evoluíram apenas em seres humanos”, conclui Snowdon.

Fonte: Discovery

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