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terça-feira, 4 de junho de 2013

Veja quanto é ou foi necessário para se tocar grandes projetos científicos

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Quando o assunto é investimento, caro e barato são relativos, e o que pode financiar um grande avanço científico às vezes não chega nem perto de comprar um artigo de luxo. Para traçar um paralelo entre o mundo da ciência e outros assuntos que tomam os noticiários diariamente, selecionamos alguns projetos e comparamos os preços com diferentes objetos e coisas fora da área científica.

Descubra a seguir com quantos paus se faz uma canoa, ou melhor,uma estação espacial.



US$ 53 bilhões

Mapeamento do Genoma Humano

Quando começaram as primeiras discussões, em 1980, a ideia de mapear o genoma dos homens foi classificada como irrealizável pela maioria dos cientistas. Mesmo assim, quatro anos depois, os Estados Unidos lançaram oficialmente o Projeto Genoma Humano. A verba destinada foi de US$ 53 bilhões e as pesquisas ocorreram em diversos laboratórios ao redor do mundo. 

Ainda antes de 2005, prazo estipulado para o fim do projeto, o feito 'irrealizável' foi realizado, com o dinheiro tendo sido gasto no desenvolvimento de técnicas e na conclusão do primeiro mapa genético humano. 

O que representa esse valor?

Sem dúvida, o valor é muito alto. Contudo, com o mesmo investimento destinado ao Projeto Genoma Humano não se pagaria nem metade a dívida da Grécia, hoje estimada em US$ 130 bilhões, que puxa o vagão da crise econômica que assola a Europa.

US$ 6 mil

Sequenciamento genético atual

Novos equipamentos já são capazes de sequenciar o genoma de um ser humano em apenas um dia por apenas US$ 6 mil. Em pouco tempo, laboratórios alemães esperam oferecer comercialmente o sequenciamento de qualquer pessoa por mil dólares. Ao redor do mundo, cientistas já sequenciaram o genoma de pandas, camundongos, homens Neandertais, moscas e dezenas de plantas. 

O que representa esse valor?

Se você estiver pensando em comprar o modelo mais caro de bolsa da Chanel teria que deixar de sequenciar cinco genomas para chegar ao valor. A top da linha 2011 da grife francesa custa cerca de US$ 30 mil.

US$ 1 milhão; US$ 10 milhões

Genoma Humano do Câncer

O sequenciamento do genoma humano abriu um leque de possibilidades de pesquisa que é tão amplo quanto promissor. No Brasil, foi inaugurado em 1999 o Laboratório do Genoma Humano do Câncer, o primeiro laboratório de biochips - ou chips de DNA - do país. Construído a um custo de US$ 1 milhão, o orçamento inicial para pesquisas foi de US$ 10 milhões, e permitiu a identificação de genes relacionados a inflamações em camundongos e o sequenciamento parcial do câncer de estômago em humanos. Atualmente, o laboratório, uma iniciativa do Instituto Ludwig e da Fapesp, tem seis projetos em andamento e 79 concluídos no País. 

O que representa esse valor?

A construção do laboratório foi um projeto barato se comparado a outras construções em andamento no Brasil. A reforma do estádio Maracanã para a copa de 2014 custará US$ 400 milhões, o suficiente para construir 400 laboratórios ou financiar 40 vezes mais pesquisas do que foram realizadas 

pelo laboratório.


US$ 2 mil; Us$ 1,1 milhão


Laboratório de Modificação do Genoma

As pesquisas genéticas permitem não apenas sequenciar e analisar o código genético, mas interferir nele e criar seres modificados, os transgênicos. Desde 2010, o Brasil conta com um laboratório especializado em criar camundongos transgênicos que são enviados a pesquisadores do país inteiro com as modificações genéticas que eles desejem. O Laboratório de Modificação do Genoma, que integra o Laboratório Nacional de Ciências, custou US$ 1,1 milhão. E cada camundongo modificado custa US$ 2 mil, o procedimento científico mais econômico da lista. 

O que representa esse valor?

Com o dinheiro usado na construção do laboratório, se poderia limpar e polir o mármore do piso do Palácio do Planalto duas vezes. Cada “faxina” na sede do governo sai por US$ 495 mil. Já o dinheiro necessário para produzir um camundongo transgênico é mais ou menos o equivalente ao auxílio moradia mensal recebido por cada deputado federal.


US$ 75 bilhões

Estação Espacial Internacional

Apesar de ser impossível determinar exatamente quanto foi gasto na construção da Estação Espacial Internacional (ISS), estimativas dão conta de que a soma dos investimentos dos 16 países envolvidos chegam a US$ 75 bilhões. Construída entre 1998 e 2000, a ISS serve de laboratório para diversos experimentos com microgravidade e estudos metereológicos. Desde a primeira viagem tripulada à estação, ela esteve permanentemente ocupada por, pelo menos, duas pessoas. A uma velocidade de 28 mil km/h e com 450 t, esta imensa estrutura bilionária dá uma volta ao redor da Terra a cada hora e meia. É o projeto científico mais caro desta lista. 

O que representa esse valor?

O custo de construção da ISS supera em mais de três vezes o investimento que a ONU calcula como necessário para, em três anos, fazer nascer na África uma geração inteira livre da aids. A organização estima que com US$ 22 bilhões poderia cumprir suas metas em programas de prevenção e tratamento da epidemia no continente, fazendo com que em 2015 todas as crianças africanas nascessem não contaminadas.

US$ 6,5 bilhões

Telescópio interminável



Até agora, o telescópio James Webb, que deveria substituir o 'ancião' telescópio Hubble, já custou mais de US$ 3 bilhões, o dobro do orçamento original previsto. Iniciada em 2004, a construção engatinha lentamente e, ao mesmo tempo em que consome verbas, é ameaçada pelo governo dos Estados Unidos, que precisa reduzir o investimento direcionado à agência espacial. Com apenas meio caminho andado, o novo orçamento para se finalizar o telescópio é de US$ 6,5 bilhões. Se tudo der certo - o que seria uma reviravolta na conturbada história do James Webb -, o telescópio multibilionário ficará pronto em 2018. 

O que representa esse valor?

Para um telescópio, é possível que US$ 6,5 bilhões ainda não sejam suficientes, mas o mesmo valor foi o que a Qatar Airways gastou na compra de 55 aeronaves da Airbus. Além disso, com o custo total estimado do James Webb 

os cientistas poderiam trocar o telescópio por 3 milhões e 250 mil camundongos, ou remontar 8,6% da ISS.

US$ 2,5 bilhões

Missão marciana

Mais recente integrante de uma longa linha de robôs enviados a Marte, o Curiosity (curiosidade, em inglês) deve partir em direção ao planeta vermelho no dia 26 de novembro de 2011. Com o tamanho de um carro e pesando cerca de 900 kg, é o maior robô já enviado a outro planeta. Para construir e enviar o explorador, a Nasa gastou pouco mais de US$ 2,5 bilhões. O investimento resultou em um equipamento capaz de pulverizar rochas e colher amostras do solo. O Curiosity deve chegar ao seu destino apenas no meio de 2012. 

O que representa esse valor?

Com o custo de uma missão a Marte, se poderia financiar 12 anos de livros didáticos de toda a rede de ensino público do Brasil. O governo gastou em 2011 US$ 620 milhões na compra de livros para alunos do ensino fundamental e médio que deverão ser usados pelos próximos três anos. Na área científica, o dinheiro poderia comprar 1,25 milhão de camundongos ou construir 3,3% de uma nova estação espacial.

US$ 500 milhões

Exploração da Lua

Lançada em setembro de 2011, a missão Grail da Nasa deverá consumir US$ 500 milhões para desvendar parte dos mistérios da Lua. A agência espacial americana lançou duas sondas ao espaço para que voem ao redor do satélite natural e registrem imagens de raios X de sua crosta e núcleo, além de medir o campo gravitacional. Os cientistas esperam determinar se o núcleo da Lua é sólido, líquido ou uma combinação de ambas as coisas. A Grail ainda tem um propósito de longo prazo: determinar se a Lua merece uma nova missão tripulada e qual seria o melhor método de colocá-la em prática. 

O que representa esse valor?

A missão que desvendará os mistérios da Lua tem o mesmo custo do orçamento total da produção de Avatar, o filme mais caro da história, dirigido por James Cameron em 2009. Além disso, se perderem o interesse na Lua, os americanos poderão comprar 250 mil camundongos ou reconstruir 0,6% da ISS.

US$ 60 milhões

Hotelaria espacial

A Rússia anunciou em 2011 planos de construir um hotel espacial para receber turistas interessados em experimentar a gravidade zero e ver a Terra do espaço. Com previsão de inauguração para 2016, a estação espacial comercial deve custar US$ 60 milhões. Além de receber hóspedes, também servirá como base de apoio para a ISS, caso os tripulantes da estação internacional precisem. As diárias provavelmente custarão US$ 148 mil, mas o transporte até o hotel é bem mais salgado. Atualmente, um voo nas naves russas Soyuz até a ISS sai pela bagatela de US$ 50 milhões. Não seriam férias econômicas. 

O que representa esse valor?

Com o dinheiro que pretendem gastar na construção do hotel espacial, os russos poderiam bancar dois casamentos reais. A cerimônia que uniu na Inglaterra o príncipe William à sua esposa Kate saiu por US$ 30 milhões. E caso os russos desistam da ideia, poderão comprar 30 mil camundongos transgênicos brasileiros, ou replicar 0,08% da ISS.

US$ 8 bilhões

Colisão de hádrons a alto custo



Um dos maiores projetos científicos já concebidos, o Grande Colisor de Hádrons (LHC) é megalomaníaco em tamanho e em gastos. Com um anel subterrâneo de 27km de circunferência, o LHC custou US$ 8 bilhões até ser inaugurado em 2008. Não contente com o orçamento estourado, o colisor enfrentou problemas técnicos e deixou de funcionar poucos meses depois. Apenas os reparos no equipamento custaram US$ 3,7 milhões. Apesar de diversos avanços científicos terem ocorrido graças ao LHC, ele ainda não cumpriu com sua maior expectativa, a de explicar a origem do universo e de confirmar a existência do Bóson de Higgs, conhecida como partícula de Deus. 

O que representa esse valor?

Considerado um dos projetos científicos mais caros do mundo, o LHC não faz frente à fortuna do mexicano Carlos Slim, o homem mais rico do planeta. Com sua fortuna de US$ 63,2 bilhões, ele poderia construir quase oito novos LHCs. E se ao invés de construir um colisor a Europa tivesse investido em camundongos transgênicos, hoje contaria com 4 milhões deles. No ramo de estações espaciais, eles poderiam ter feito 10% da ISS.

US$ 530 mil

Estudos da Antártida

O Brasil instalou em 2011 um módulo científico na Antártida por US$ 530 mil, um valor modesto para uma operação que inclui a construção do laboratório em uma espécie de container, o transporte em avião até o continente gelado e um trator que o arraste até sua localização final. Para as primeiras pesquisas do módulo, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia disponibilizouR$ 5 milhões para três anos e meio de estudos. 

O que representa esse valor?

Importante projeto científico brasileiro, o investimento destinado às pesquisas na Antártida é considerado baixo. Apenas com os gastos de campanha da presidente Dilma nas últimas eleições - cerca de US$ 157 milhões - se poderia construir um novo módulo e financiar 108 anos de pesquisas. Com a verba destinada à construção e implantação do módulo, a equipe poderia ainda ter comprado 265 mil camundongos, mas não teria muito a acrescentar na construção de uma estação espacial.

US$ 20 bilhões

A bomba atômica



Desenvolvido por grandes nomes da física como Robert Oppenheimer, Enrico Fermi e Linus Pauling, o Projeto Manhattan nasceu nos Estados Unidos com o objetivo de criar uma arma atômica que pudesse fazer frente às ameaças de guerra do Japão. O grupo, financiado por US$ 20 bilhões, alcançou o sucesso rapidamente, e em 6 de agosto de 1945, os EUA jogaram uma bomba sobre Hiroshima. Diante da destruição causada pelo invento, a maior parte dos cientistas envolvidos na pesquisa fez uma petição para que as bombas não fossem mais utilizadas. O presidente, entretanto, ignorou o pedido e no dia 9 de agosto, uma segunda bomba caiu sobre Nagasaki. 

O que representa esse valor?

Se o investimento na bomba atômica tivesse sido destinado a outra coisa, mais de 100 mil vidas teriam sido poupadas.

Fonte: Terra

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