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sábado, 1 de junho de 2013

Raízes biológicas da criminalidade são revisadas em livro recente


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Em seu ensaio best-seller intitulado "Guns", Stephen King contrasta a imagem de um assassino em massa no seu anuário escolar, em que se assemlha a qualquer outro, e as imagens da polícia em que ele se parece com "o pior pesadelo."

Será que criminosos têm aparência diferente da de quem não é criminoso? Há padrões que a ciência pode descobrir para permitir à sociedade identificar potenciais criminosos antes que eles violem a lei ou para reabilitá-los depois?

Adrian Raine, criminologista e psiquiatra da Univesity of Pennsylvania tenta responder essas e outras perguntas em seu livro he Anatomy of Violence: The Biological Roots of Crime (Pantheon, 2013) [A Anatomia da Violência: as raízes biológicas do crime] em que detalha como a psicologia evolutiva e neurociência  convergem neste esforço. Ele compara dois casos que mostram novas maneiras de olhar para as origens do delito, Por exemplo.

O primeiro é o caso é o de "Mr. Oft", um homem perfeitamente normal que se transformou em pedófilo por um tumor enorme na base do seu córtex orbitofrontal. Retirado o tumor, ele voltou à normalidade.

No segundo, conhecemos um assassino e estuprador chamado Donta Page, cuja infância foi terrível: era pobre, subnutrido, órfão, abusado, estuprado e espancado na cabeça a ponto de ser hospitalizado várias vezes, que exames de seu cérebro mostraram evidências claras de função reduzida nas regiões medial e orbital do córtex pré-frontal .

A importância desses exemplos se revela quando Raine descobre prejuízo significativo do córtex pré-frontal nos exames cerebrais que fez em 41 assassinos.

Tais danos resultam em uma perda de controle sobre as partes evolutivamente mais primitivas do cérebro, como o sistema límbico, que geram emoções cruas como raiva. Pesquisas com pacientes neurológicos em geral mostram que danos do córtex pré-frontal aumentam a assunção de riscos, irresponsabilidade e a quebra de regras. Somam-se mudanças de personalidade como impulsividade, perda de auto-controle, e uma incapacidade de controlar adequadamento o comportamento e os impulsos. Acompanham problemas cognitivos, tais com perda de flexibilidade intelectual e empobrecimento das habilidades para a resolução de problemas.

Mais tarde, essas características podem resultar em insucesso escolar, desemprego e privação econômica, fatores que predispõem uma pessoa a uma forma criminosa e violenta da vida.

Qual é a diferença entre um tumor agressivo e a repressão violenta? Um deles é claramente biológico, enquanto o outro é conesquência de uma complexa rede de fatores biossociais.

Raine ressalta, no entanto, que ambos levantam questões morais e legais preocupantes: "Se você concorda que o Sr. Oft não era responsável por seus atos por causa de seu tumor orbitofrontal, que juízo faria de alguém que cometeu os mesmos crimes do Sr. Oft mas, ao invés de ter um tumor visível, tinha uma sutil patologia prefrontal  de origem neurológica difícil de visualizar numa tomografia? "Um tumor é rapidamente tratável, mas uma história pessoal de violência, nem tanto.

Precisamos também de uma psicologia evolutiva da violência e da agressão. "De estupro a roubo e até mesmo furto, a evolução fez com que a violência e o comportamento anti-social uma forma rentável de vida para uma pequena minoria da população", escreve Raine.

O furto pode fornecer mais recursos necessários para a sobrevivência e reprodução a quem pratica. A reputação de ser agressivo pode conceder machos status mais elevado na hierarquia de dominância social. Assassinato por vingança é uma estratégia evoluiu para lidar com trapaceiros e levianos. Até assassinato de crianças tem uma lógica evolutiva: as estatísticas mostram que as crianças têm 100 vezes mais chances de ser assassinadas por seu padrasto, que teria interesse em repassar seus genes à geração seguinte, não os de um rival.

Uma psicologia evolutiva e neurociência da criminologia são os próximos e necessários passos para produzir um mundo mais moralizado.

Em suas observações finais, Raine, convoca a "superar os sentimentos de vingança, alcançar a reabilitação e a se envolver em um discurso mais humano sobre as causas da violência."

Embora algumas pessoas possam recusar a determinismo biológico inerente à tal abordagem e outras possam  preferir reabilitação ou vingança, todos podemos nos beneficiar de uma compreensão científica das causas de crimes.

Este artigo foi publicado originalmente com o título CSI, Ciência.


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